Páginas

terça-feira, 6 de abril de 2010

Micromundos como ferramentas cognitivas

O que são micromundos?
Segundo Papert (1980) os micromundos servem para descrever ambientes de aprendizagem exploratória que utilizam tartarugas Logo para aprender princípios de geometria. O Logo é uma linguagem de programação que permite aos alunos, através de comandos simples, criarem os próprios mundos visuais.



Gráfico produzido com um "tartaruga" Logo

Os micromundos são ambientes de aprendizagem onde é possível explorar, descobrir e simular acontecimentos da vida real. “Os micromundos apresentam aos alunos um modelo simples de uma parte do mundo” (Hanna, 1986) e podem -se apresentar de várias formas e em diferentes domínios do conhecimento. Por outro lado, estes permitem que os seus utilizadores tenham um grande espaço de manobra sobre o ambiente, sendo, por isso, os micromundos “o exemplo máximo de ambientes de aprendizagem activa”.

Os micromundos não são necessariamente baseados em computador, mas sim patenteiam o interesse e a curiosidade do aluno. Assim, pode-se considerar que os nossos “pequenos mundos” são micromundos. Como exemplo pode-se referir que um armário cheio de panelas pode ser um micromundo muito envolvente para uma criança aprender sobre medidas, formas, texturas, entre outros.

Burton, Brown e Fisher (1984) acreditam que um micromundo é um ambiente do mundo real controlado, no qual um aluno pode experimentar competências e conhecimentos novos. Nestes ambientes de aprendizagem a instrução progride das competências mais simples às mais complexas.

Os micromundos são baseados em ideias poderosas, logo devem ser:
  • simples,
  • gerais,
  • úteis,
  • sintónicos,
  • experienciais

    Exemplos de micromundos:
  1. Boxer (diSessa e Abelson, 1986)
  2. Writing Partner (Salomon, 1993)
  3. ThinkerTools (White, 1993)
  4. Bubble Dialogue (Mahon e O'Neill, 1993)
Estes micromundos partilham duas características importantes: proporcionam várias representações de fenómenos e fornecem o feedback imediato quando os alunos experimentam algo.


Outros exemplos de ambientes de aprendizagem micromundo:
  • Interactive Physics (Física Interactiva) - ambiente de investigação para explorar tópicos da mecânica newtonian.
  • SimCalc - ensina, a alunos do ensino básico e secundário, conceitos de cálculo através do MathWorld

  • Geometric Supposer (Simulador Geométrico) - ferramenta usada para fazer e testar hipóteses em geometria, através da construção e manipulação de objectos geométricos e da exploração de relações dentro e entre estes objectos (Schwartz e Yerushalmy, 1987)
Os micromundos como ferramentas cognitivas
Os micromundos distinguem-se da maior parte das ferramentas cognitivas, que "são aplicações informáticas que exigem que os alunos pensem de forma significativa de modo a usarem a aplicação para representar o que sabem". Os micromundos não permitem que os alunos demonstrem os seus conhecimentos de uma maneira tão explícita como outras ferramentas cognitivas. Contudo, estes são uma das melhores ferramentas para fazer com que os alunos construam, confirmem, verifiquem os seus modelos mentais, de forma empenhada. Por outro lado, os micromundos, juntamente com as ferramentas de modelação, representam “a concretização mais completa de modelos mentais que existe”.


O pensamento crítico, criativo e complexo no uso de micromundos
"As competências de pensamento crítico, criativo e complexo envolvidas no uso de micromundos variam de acordo com a simulação."

Os micromundos requerem a combinação de competências de avaliação, de análise e de relacionamento, isto é, exigem competências de pensamento crítico.

Como os micromundos são definidos previamente não implicam competências de pensamento criativo.

Os micromundos implicam competências de pensamento complexo para planear e levar a cabo experiências.


Critérios para avaliar a utilização que os alunos fazem dos micromundos
  • Plausibilidade das hipóteses geradas
  • Manipular adequadamente e saber testar as hipóteses
  • Conseguir tirar conclusões adequadas retiradas do feedback
  • Utilizar experiências construídas
Vantagens e limitações dos micromundos enquanto ferramentas cognitivas

Vantagens dos micromundos enquanto ferramentas cognitivas
-Proporcionam um ambiente que encoraja uma participação e exploração activas (Papert, 1980)

- Apresentam natureza dinâmica
- Contêm exemplos de fenómenos naturais e proporcionam ambientes para a representação destes
- Permitem que o aluno defina os conceitos subjacentes à exploração de fenómenos naturais; fornecem ferramentas para definir o seu mundo
- Apoiam a aprendizagem das competências simples às complexas

- Proporcionam actividades que se situam em contextos ricos e significativos
- Apoiam a aprendizagem auto-regulada
- Baseiam-se em ideias poderosas
- Proporcionam aprendizagem experiencial


Limitações dos micromundos enquanto ferramentas cognitivas
- Os micromundos têm um único objectivo
- Exigem competências que os alunos não possuem e precisam de adquirir


Baseado em: JONASSEN, David H. (1988). Micromundos enquanto ferramentas cognitivas. Computadores, Ferramentas Cognitivas. Desenvolver o pensamento crítico nas escolas: Porto Editora

2 comentários:

  1. Excelente texto. Muito bem referenciado. Parabéns, profa. Catarina Vasconcelos.

    ResponderEliminar
  2. "Como os micromundos são definidos previamente não implicam competências de pensamento criativo." Gostaria que comentassem um pouco mais sobre esta questão, pois penso que, embora possa ser definido previamente, o micromundo pode possibilitar aprendizagem criativa durante a exploração.

    ResponderEliminar